Ariela Massotti traz sangue novo para Malhação

É impressionante como um simples detalhe pode fazer tanta diferença numa novela. Muita gente reclamou que eu não fiz um comentário decente sobre a atual temporada de Malhaçāo. E a resposta sempre foi muito simples: por mais que eu tentasse não conseguia me concentrar na história, repetitiva e sem nexo. Para piorar, os atores são péssimos. Mas há algumas semanas a entrada de Ariela Massotti para o elenco começou a mudar esse cenário. A perigosíssima Rachel, personagem da moça, trouxe um novo gás para a trama. Filha bastarda do insuportável Fausto (Joelson Medeiros), a menina deu um chega pra lá na vilã Ângela (Ana Terra) e sua perseguição à meia-irmã, Catarina (Daniela Carvalho), tem sido o centro das atenções. Semana passada uma cena da menina se estapeando, se unhando, se rasgando só para incriminar Catarina por agressão foi muito bem feita. É verdade que a sequência lembrou Clara (Mariana Ximenes) fazendo a mesma coisa com Valentina (Daisy Lucidi), em Passione, mas tudo bem. O impacto foi grande e fez muito bem para a trama.

Com isso, o clima contagiou os outros núcleos também. Emanuel Jacobina finalmente está concluindo o drama do acidente de Fred (Bernardo Mesquita), inocentando Theo (Ronny Kriwat). Já não era sem tempo esse entrave chegar ao fim e Lúcio (Gabriel Chadan) ser punido, afinal, isso aconteceu na semana de estreia da temporada. Foi um erro capital demorar tanto tempo para resolver uma pendenga tão séria. Eu mesmo quase me esqueci dela…
Outro ponto muito mal resolvido foi o romance não realizado de Tereza (Helena Ranaldi) e Antônio (MV Bill). Ninguém vai poder alegar que o casal não deu certo porque ele sequer foi formado… Não gostei mesmo da forma como o personagem de MV Bill foi excluído da história por mais que tenha achado o cantor muito fraco em sua estreia como ator. Mas ao menos a oportunidade de desenvolver seu papel até o fim ele merecia. Fiquei com aquela sensação amarga de assunto não terminado…

Por outro lado, dois outros núcleos vêm se destacando pela eficiente evolução de seus personagens. Marcello Mello Jr. está tendo a chance de ouro de desenvolver um papel tão humano, que é o ideal para desmistificar o tabu de ”intérprete de bandido” que poderia ter marcado sua carreira após o final de Viver a Vida (2009). Com Maicon, o rapaz pode mostrar que é um ator versátil e com muitas possibilidades. Sem falar que sua parceria com Inez Vianna (Dona Zica) é tudo de bom. Excelente também é a jovem Nathalie Jourdan, que faz a ”masculinizada” Duda. Com essa trama, Jacobina conseguiu mostrar outro tipo de preconceito – dessa vez contra aqueles que não seguem os padrões convencionais de comportamento e beleza – com rara sensibilidade. Nathalie foi uma grata revelação, mesclando as carências e o jeito de menino de sua personagem com muito talento. Muito legal também o namorico aos trancos e barrancos entre Duda e Dodói, vivido por Lucas Salles, outra bela surpresa do elenco.

Mas como nem tudo são flores, a temporada está quase chegando ao fim e continuo não gostando nada, nada dos protagonistas, Bruno Gissoni (Pedro) e Daniela Carvalho, fraquíssimos! Bernardo Mesquita tem a expressividade de uma pêra e Alexandre Barros não convenceu em nenhuma cena. Um desperdício também as participações de Mario José Paz (André), Genézio de Barros (Hélio), Chris Nicolotti (Vera), Walter Breda (Agenor), Ailton Graça (Seu Pintinho), Ranieri Gonzalez (Geraldo), Sandra Corvelloni (Lourdes) e Pedro Van-Held (Arthur), que estava tão bem em Tropa de Elite 2 (como o filho de Wagner Moura) e muito mal aproveitado na novelinha. Nos bastidores já está rolando a produção para Malhação 2011.  O que vem por aí?  Só o tempo dirá. Mas continuo de olho!