O esquema é de fast food. Pais que acham que têm em casa potenciais estrelas da música desembolsam de 1.000 a 5.000 dólares e compram um pacote que inclui uma canção gravada – devidamente corrigida com ajuda de softwares – e um vídeoclipe. Em Friday, de Rebecca Black, uma baba genérica que mistura a ingenuidade Hannah Montana com as melodias de Britney Spears, a fórmula, por mal ou por bem, deu certo. Lançada no iTunes no dia 14 de março, já vendeu algo próximo a 1 milhão de cópias. O clipe foi visto 35 milhões de vezes no Youtube. A música foi eleita a pior de todos os tempos e segue, apesar disso ou por isso mesmo, entre os assuntos mais comentados no Twitter.
Segundo a revista americana Time, a canção Friday, “de tão ruim chega a ser divertida”. Na base da galhofa, o vídeo não para de ser repassado, gerando mais acessos, mais dinheiro e, por tabela, mais clientes para a Ark Music Factory.
Novos clientes - Não se tem notícia de um investimento tão rentável nos últimos tempos de música pop. Composição, gravação e clipe custaram míseros 2.000 dólares. Estima-se que só do Youtube Rebecca tenha ganhado 200.000 dólares até agora, tamanha a quantidade de acessos, e outros 800.000 das vendas no aplicativo da Apple, o que dá 1 milhão de dólares. A Ark deve estar em festa. Sabe-se lá quantos pais farão romaria na porta da gravadora esperando que seus rebentos se tornem o novo Justin Bieber.
Das dezenas de mimados que realizaram o sonho de ter uma canção para exibir aos amigos e na esperança de cair nas graças da internet, Rebecca foi até agora quem se deu melhor. Mas o arsenal da Ark é vasto. A empresa já trabalha o clipe de Butterflies, da também adolescente Alana Lee. O vídeo, que pouco difere em primariedade do estrelado por Rebecca Black e seus amigos, contabiliza 2,5 milhões de visualizações no Youtube.
Histórico - Artistas lançados na infância não são novidade na música pop. Stevie Wonder, que gravou grandes discos de soul music aos 16 anos, e Michael Jackson, que inicou a carreira aos seis no Jackson 5, estão aí para confirmar o filão. A diferença é que ao longo dos anos a qualidade degenerou ao ponto do insuportável. Justin Bieber é a parte mais aparente dessa nova onda e, pelo jeito, deve fazer escola nos próximos meses. As sextas-feiras jamais serão as mesmas.
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